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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CURSO: PEDAGOGIA SOCIAL, ARTE E CULTURA NA CONTEMPORANEIDADE


Curso - Com foco na arte/teatro como pedagogia social, expressão cultural e histórica, este curso pretende problematizar temas contemporâneos como a crise ecológica, ética e humanitária e os desafios da democracia e da educação

Aula 1 - 29/10 - 14h00PEDAGOGIA SOCIAL NA FINLÂNDIAhttp://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4483

Aula 2 - 30/10 - 8h30A PEDAGOGIA SOCIAL COMO UMA PERSPECTIVA PARA
UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E IGUAL
“Pedagogia Social, arte e cultura – como estes temas se
interlaçam?”
http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4484

Aula 3 - 05/11 - 14h00ARTE E SOCIEDADE
“As relações entre arte, sociedade e pedagogia social”
http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4485

Aula 4 - 6/11 - 8h30OLHARES CONTEMPORÂNEOS – DEMOCRACIA
“ Desafios atuais da democracia”
http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4486

Aula 5 - 12/11 - 14h00OLHARES CONTEMPORÂNEOS – DESIGUALDADE
“A desigualdade social como uma questão sóciopedagógica”
http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4487

Aula 6 - 13/11 - 8h30OLHARES CONTEMPORÂNEOS – MUDANÇA CLIMÁTICA
E CRISE ECOLÓGICA
“Mudança climática e crise ecológica como questões da
pedagogia social”
http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4488

Aula 7 - 19/11 - 14h00ARTE COMO PEDAGOGIAhttp://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4489

Aula 8 - 22/11 - 8h30ARTE COMO PEDAGOGIA SOCIALPedagogia social, arte e cultura;Arte como um “método” sócio-pedagógico;Teatro como pedagogia social.http://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4490

Aula 9 - 26/11 - 14h00ARTE COMO PESQUISAPesquisa criativa e participativaTeatro e pesquisa – teatro como pesquisahttp://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4491

Aula 10 - 27/11 - 8h30ENCERRAMENTO DO CURSOApresentação de trabalhos finaishttp://www3.mackenzie.br/eventos/index.php?evento=4492

terça-feira, 30 de julho de 2019


Atos que viraram fatos: olhar do jornalismo e da história sobre os protestos de 2013 a 2016.

Caros colegas, tudo bem?
Venho por meio deste convidá-los para o Lançamento do livro: 

Atos que viraram fatos: olhar do jornalismo e da história sobre os protestos de 2013 a 2016.
Autoras: Rosana M.P.B. Schwartz e Denise C. Paiero 
Editora Mackenzie.

Data: dia 13 de agosto de 2019
Horário- 18h- 21h
Local: Centro Histórico e Cultural Mackenzie - Prédio 1, R. Itambé, 135 - Higienópolis, 01239-902 São Paulo/São Paulo.

Grata,
Rosana M.P.B. Schwartz

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Um pouco da História da Catedral de Notre-Dame

 A pedra fundamental da Catedral é lançada em 1163 na presença do Papa Alexandre III.
- Por volta de 1260 a Catedral é concluída. Localizada próxima ao Palácio da Justiça, centralizava na ilha a religião e o governo da cidade. Além de importante local de oração, Notre-Dame abrigava órfãos e pessoas que procuravam refúgio da lei.
- Em 1548,  huguenotes destroem as estátuas de Notre-Dame, consideradas símbolos de idolatria.
- Entre os séculos XVII e XVIII, durante os reinados de Luís XIV e Luís XV, a catedral sofreu inúmeras alterações arquitetônicas para seguir o estilo mais clássico do período.
- Em 1793, durante a Revolução Francesa, a catedral passou a ser dedicada ao Culto da Razão e depois ao Culto do Ser Supremo. Durante esse período, muitos dos tesouros da catedral foram destruídos ou saqueados. As vinte e oito estátuas de reis bíblicos localizados na fachada oeste, confundidas com estátuas de reis franceses, foram decapitadas.
- Em julho de 1801, o novo governante, Napoleão Bonaparte, assinou um acordo para devolver a catedral para a Igreja.
- Em dezembro de 1804, a Catedral foi palco da coroação de Napoleão Bonaparte como imperador da França.
-  A publicação de O Corcunda de Notre-Dame, em 1831, reacende o interesse popular pela Catedral.
Enquanto oficiais da guarda real e grupos de fidalgos patrulhavam as ruas para manter a ordem, muitas pessoas vagavam à procura de abrigo. Ciganos, pobres, pessoas com deficiências, doentes e ladrões eram vistos como uma ameaça. A partir desse contexto, a obra de Victor Hugo apresenta a figura de um homem manco e deformado que é adotado pelo religioso Claudio Frollo. Batizado de Quasímodo, o corcunda de Notre-Dame se apaixona por uma bela cigana, Esmeralda, e passa por uma série de peripécias por causa do amor não correspondido.
Publicado em 1831, o romance Notre-Dame de Paris, do escritor francês Victor Hugo, é considerado uma das obras mais importantes da literatura mundial. Ele veio a público originalmente com o título Notre-Dame de Paris, e não tinha o nome do corcunda na capa. Em 1833, quando a obra foi traduzida para o inglês, seu nome finalmente apareceu no título: The Hunchback of Notre Dame.
O romance se passa em Paris, no ano de 1482, e toda a trama é centralizada na Catedral de Notre-Dame e seus entornos, na Île de la Cité. A história traça um panorama da sociedade parisiense da Idade Média e critica a contradição entre personagens de diferentes camadas sociais, como os monarcas, nobres, ciganos e pedintes.
- Em agosto de 1944 a Catedral recebe uma cerimônia que comemora a libertação de Paris dos nazistas.
- Em 15 de abril de 2019 o local é atingido por um grande incêndio.

Abriga  esculturas, como a Pietà dans le Choeur (feita antes da obra consagrada de Michelangelo), a imagem de Joana D’Arc e a Galeria dos Reis, composta por 28 estátuas de 3,50 metros de altura cada, representando figuras do Antigo Testamento e monarcas franceses.
A Catedral é uma das mais antigas catedrais francesas e também uma das mais visitadas de toda Europa. 
Foi dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo, e guarda milhares de obras únicas no mundo.

domingo, 14 de abril de 2019

Domingo de Ramos (Pintura de Giotto di Bondone)

Domingo de Ramos (Pintura de Giotto di Bondone)

Domingo de Ramos


"Domingo de Ramos é um dia de   grandes emoções, equilibrando-se    no limiar entre a felicidade e o desgosto. A entrada de Jesus em Jerusalém a partir da pintura da Capela Scrovegni convida-nos para uma cena de celebração, e fiel à sua forma, Giotto nos atrai para além da formalidade do estilo bizantino, e apresenta uma verdadeira vida, cena vibrante.

É uma celebração, mas que não podemos nos entregar inteiramente; É uma cena de contradições. Indicações da celebração são definidas em uma cena com um céu azul ultramarino, oliveiras verde-prateado, e as paredes brancas brilhantes da cidade. Todas essas coisas fornecem o pano de fundo a uma cena de cavalgada em um burrico, de pessoas brilhantemente vestidas que se encontram no centro da cena. 




Entrada de Jesus em Jerusalém, Giotto di Bondone, Capela Scrovegni



Uma multidão translada-se de Jerusalém para encontrar-se com Cristo e seus discípulos. Algumas pessoas ondulam ramos de palmeiras, algumas escalam árvores para obter uma visão melhor, e alguns estão removendo suas roupas para colocar diante dos cascos do burro que leva Cristo. No entanto, há algum  pressentimento nos rostos da multidão: expressões intensas e famintas fixadas em Cristo. Na periferia de nossa consciência paira a linha do Salmo: "Muitos cães me cercam, um bando de malfeitores se fecha sobre mim".



Cristo e os discípulos encontram a multidão que se aproxima. O asno grande e dócil conduz Jesus à multidão, avançando com humildade e boa vontade, venha o que acontecer. Cristo nas costas do jumento está determinado, abençoando a multidão enquanto ele avança, seu olhar descansando sobre o menino acenando a palma. Seu rosto é uma representação visual da linha de Isaías: "Eu fixei meu rosto como pederneira, sabendo que não vou ser envergonhado." É um rosto que está resolvido, mas pacífica, com uma gratidão tranquila para a multidão que exclama "Hosana!" Para recebê-lo e uma profunda confiança no amor do Pai para vê-lo através do que ele está se aproximando. 

A exclamação "Hosana!" É uma maneira de louvar a Deus, mas também carrega o significado literal "Deus nos salve." As crianças subindo e emaranhadas nas árvores, a palmeira levantada acima do burro como um flagelo, o burro como a humilde besta de carga, e as pessoas despojando suas roupas evocam todos os momentos da paixão e dica sobre o que está para vir depois deste Domingo de Ramos. Entre felicidade e angústia, esse dia nos chama a deixar ir e dar nossos medos, tristezas e encargos a Cristo enquanto ele se aproxima do Calvário."

Comentário é de Daniella Zsupan-Jerome, professora assistente de liturgia, catequese e evangelização na Universidade Loyola de Nova Orleans.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Representações femininas na literatura do século XIX: Dom Casmurro e Primo Basílio.


Representações femininas na literatura do século XIX: Dom Casmurro e Primo Basílio.
DOM CASMURRO: Romance Memorialista - oferece a construção de algo que se produz e se elabora na recuperação do vivido e do passado. Nesse sentido, que Dom Casmurro deve ser encarado, enquanto recomposição da imagem e cotidiano d época. Apresenta a misoginia da prática literária do século XIX – as imagens estereotipadas de mulher associadas a anjo - Maria ou monstro – Eva propicia o desvelamento da ideologia da sociedade patriarcal brasileira, embutida na construção das personagens e no desenrolar da própria trama.
Desenvolve uma prosa reveladora dos meandros da alma humana e através da ironia sutil, descortinar as mazelas da sociedade brasileira do século XIX, ainda colonial escravocrata e autoritária.
Em Dom Casmurro aborda questões sobre o feminino/masculino, espaço privado/público, formas de comportamentos, casamento, maternidade, fidelidade, religião, resistências e tensões, a partir do ponto de vista de um narrador homem e maduro – 50 anos.
Há, referências  sobre a  construção  cotidiana do  espaço,  à  mulher  e  à burguesia fluminense do século XIX. 
A narrativa é centrada num narrador personagem, que conta sua estória vivida, possibilitando pistas para a reconstrução de aspectos da vida cotidiana da época.
Narrado em primeira pessoa, remonta a história da vida de Bentinho (Dom Casmurro), desde a infância, seu envolvimento com Capitu e a incerteza da fidelidade da mulher entre 1857 até a separação entre Bentinho e Capitu provavelmente em 1872.
Sugere uma gama de locais, que possibilitam a reconstrução do período - (casa materna Rua Matacavalos, reprodução desta casa no Engenho Novo, seminário, casa de Pádua, casa de Bentinho na Glória, casa de Escobar em Andaraí, casa de Escobar no Flamengo, casa de Capitu na Suíça, o passeio público e outros).
A narrativa de Machado de Assis joga com os valores culturais e sociais vigentes no período imperial, com a condição feminina - as personagens refutam, questionam os papéis que lhe são impostos na sociedade brasileira.
Capitu é uma mulher que transcende a definição de esposa, mãe e o estereótipo de mulher/Maria é a Eva. Busca transpor o estabelecido; luta por emancipar-se, pois está cansada das exigências sociais e familiares que lhes são destinadas; quer experimentar algo que saia de si própria. Entretanto, o narrador pertencente a sociedade patriarcal, vê as mulheres como seres inferiores e nesse sentido, os olhos de Capitu correspondem em termos de força e intensidade, às palavras do marido. A mulher é silenciada e sua voz transborda através do olhar que trava uma luta intensa com o homem, detentor da palavra, e do poder.
Seu corpo está sempre em evidência, propiciando relações e imagens de vários tipos: os olhos, por exemplo, “são claros e grandes” (Assis, 1997: 85) ou então, “são de cigana oblíqua e dissimulada” (Assis, 1997: 85) e os braços são tão deslumbrantes que “merecem um período” (Assis, 1997: 210).  Traços que a faz oscilar entre a mulher Eva/fatal/desregrada/perigosa e a dona de casa/Maria/submissa/sofredora.
Como Eva, encontra na rua o ambiente ideal para se deixar contaminar pela possibilidade de traição: a figura feminina ao se mostrar num espaço público instaura a dúvida, a ambigüidade, pois apresenta a chance de se oferecer, na condição de promessa ou, até mesmo, mercadoria.
O leitor se depara com a abordagem dos variados temas universais existentes em Dom Casmurro, dentre os quais se encontra o adultério.  Era evidente o apreço pelos moldes originários da França, o romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e escritos  como os de Émile Zola, que possuíam  a  traição  conjugal  como  fio  condutor  de  suas  respectivas  tramas.
O diferencial de Machado  no  que  concerne  à abordagem da traição reside em sua recusa em biologizar problemas ou atribuir a eles um levantamento social que aponta o enfado da mulher burguesa como motivação para as relações adúlteras.
As mulheres cuja honra é posta à prova estão presente nas obras machadianas, como Marcela - Memórias  Póstumas , Sofia  - Quincas  Borba  e  Guiomar  - A  mão  e  a  luva. As fatais também a aparecem com Carmem, Manon  Lescaut,  Naná  e  Salomé,  “figuras  de  fascínio evidente”  (PASSOS,  2003,  p.  31).
As mulheres de Machado de Assis são personagens obstinadas e espirituosas. Fazem o que desejam e articulam suas vontades em meio a homens inseguros e mal-resolvidos.
As Mulheres no Século XIX e Capitu.
 O feminino e o masculino são construções históricas, sociais e culturais. Os discursos médicos, a educação, o cientificismo, a política higienista, o positivismo e a Igreja, durante o século XIX recriam e criam sob o olhar e poder masculino, justificativas sobre a dominação dos homens sob as mulheres, a divisão sexual do trabalho e o poder do homem branco europeu e norte-americano sobre os demais – teorias raciológicas.  
Capitu, dona dos lendários “olhos de cigana oblíqua e  dissimulada” é  representada,  igualmente,  sob  a  óptica  de  elementos literários franceses, porém inserida nos âmbitos social, familiar e cultural brasileiro. 
A narrativa é centrada num eu-narrador, personagem da estória - Bentinho como D. Casmurro – Dificilmente é dada voz a CAPITU.
1-    A construção da figura de Capitu é intencional, certas características sugeridas na primeira parte do romance têm o papel de apoiar a traição da segunda parte.
No capítulo XXXIV percebe-se a admiração de Bentinho pela capacidade de disfarce de Capitu com tom de espanto de fugir á regras sociais. “...Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando a mão apontou à porta, ela abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo...”
Ao longo desse percurso, o objetivo de Bentinho é o de caracterizá-la como uma jovem voluntariosa, ativa, racional, calculista, capaz de lidar facilmente com situações embaraçosas e que está disposta a tudo para atingir suas metas. O narrador montou sua narrativa de modo a fazer caber na Capitu de Matacavalos a Capitu adúltera da Glória e a faz parecer como um ser reprimido, sem contorno e silenciado.
Capitu pode ser vista como o feminino inquietante, o perigo invisível que ronda a casa do século XIX.  Machado constrói uma imagem de mulher perigosa, segundo os discursos médicos, apela para alguns dados de categorias de mulheres que destroem a vida e a reputação de um homem.
A heroína conflui para a dissimulação e, por isso, quando é feita a comparação com Desdêmona, não há nenhuma chance de perdoá-la ou de nos apiedarmos dela.
De fato, Capitu abre precedentes para que se duvide de suas intenções é uma personagem calculista e transgressora, dona de seus atos e com poder de decisão.
O tema da mulher fatal é tão recorrente na obra que o tempo todo o vemos relacionado com a degradação e, sobretudo com a perda da inocência do narrador. Durante a narrativa, Capitu aparece como um ser mais capacitado, infinitamente mais maduro e dotado de muito mais atributos e sensualidade do que Bentinho/Casmurro.

2-    Apresenta também a importância da figura materna, que aparece desde a infância - o narrador-personagem cresceu a sombra de duas mulheres.

3-    Capitu é a representação da "MULHER DAS CLASSES MENOS PRIVILEGIADAS"- Machado de Assis relacionava os sentimentos humanos às  condições  sociais,  como  o  fizeram  Shakespeare,  Prévost  e  Mérimée, construindo a convivência mesurada entre universalismo determinismo geográfico, localismo.

4-    Perseverante aos problemas que a sociedade lhe impõe, lutadora por aquilo que deseja e pelos seus direitos, mesmo com suspeitas sobre si de uma hora para outra ela demonstra segurança invejável:- é ela que elabora o primeiro plano para livrar Bentinho do seminário (cap. XVIII); diverte-se convertendo a hesitação de Bentinho em ação (cap. XXXIII); beija Bentinho antes do pai entrar (cap. XXXVII); muda o rumo da conversa após o beijo (cap. XXXVIII); coloca o dedo de Bentinho na boca (cap. XXXIX); não teme revelar seus desejos diante da mãe e contém a cólera (cap. XVII); não teme admitir diante de Bentinho que conhece sua fraqueza "...Você? Você entra..." "... Você verá se entra ou não." (cap. XVIII); etc.

5-    Em “Dom Casmurro” opiniões severas quanto à imagem feminina aparecem em personagens como José Dias ao falar sobre os olhos de Capitu, da força de suas palavras que é tão grande ao ponto de Bentinho repetir a mesma frase e a afirmação acaba por tornar-se uma obsessão para o protagonista. José Dias pergunta a Bentinho: “Você já reparou os olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois, apesar deles, poderia passar se não fosse a vaidade e a adulação.”

6-    Os protagonistas se apresentam sexistas como impunha a consciência social daquele período, transformando os relatos em visões unilaterais das ocorrências.

7-    O tema do adultério é exposto a perspectiva masculina.

8-    Apresenta visão crítica e incisiva dos narradores diante das personagens femininas. O romance apresenta a opinião e julgamento das ciências da época sobre as mulheres, por isso as personagens femininas são descritas como dissimuladas interesseiras, sensuais, eróticas, traiçoeiras e caprichosas por um lado e por outro a mãe matriarcas.

9-    Sob vários aspectos, Capitu é uma mulher inventada em sua condição de produto de desejo, aparece consciente da dependência de Bentinho em relação à mãe (cap. XVIII); e por isso aproxima-se de dona Glória a partir do episódio do Protonotário Apostólico (cap. XXXV); é aceita como nora antes mesmo de anunciado o namoro e casamento (cap. C), etc.

10- Ela é reflexiva:- colhe informações e medita sobre o assunto antes de conceber o plano (cap. XVIII); medita sobre a conversa entre mãe e filho (cap. XLII), etc.É econômica:- economizou dez libras esterlinas sem o conhecimento de Bentinho (cap. CVI). Capitu é capaz de fazer o que é necessário para atingir seus objetivos.

11-  No romances predomina a visão negativa sobre as mulheres. Expõe a natureza feminina de maneira depreciativa ou caracteriza a mulher como um mal necessário à sociedade.

12-  Os romances parecem construídos à conclusão de que as mulheres serão a ruína dos homens, sendo estas sempre manipuladoras, dissimuladas e artificiosas, construídas a partir do arquétipo de Eva que guiará os homens à expulsão do paraíso.


13- Silenciada, acuada e sem a menor possibilidade de defesa, a mulher deverá ser punida de sua possível transgressão – de preferência com a morte –, a fim de que seja mantida a ordem na sociedade. O envio de Capitu à Suíça e lá sua morte simbolizam a manutenção da ordem rompida e põe um fim ao risco.
As mulheres na literatura eram representadas segundo os valores da sociedade em Primo Basílio, Eça de Queiroz apresenta Luísa desde o início do romance, como uma mulher sonhadora que fantasia com o mundo romântico e idealizado dos livros que lê. No romance fica fácil perceber que essas idealizações são de natureza erótica e denunciam sua insatisfação com a ociosidade de seu cotidiano. Nesse sentido, a busca pela realização de suas fantasias acaba levando-a a degradação moral feminina – o adultério – a transforma de ser inerte à ser móvel, revestido de negatividade e repugnância.
A traição de Luísa é fruto de um instinto sexual reprimido e não convenientemente sublimado, conforme as exigências do código social. Uma de suas múltiplas tentativas de sublimação está no refúgio da leitura romântica.
Por não encontrar no lar as emoções suficientes ao seu temperamento e imaginação ardentes e também por não possuir uma educação capaz de a sustentar e dirigir, Luísa opta pela destruição de sua condição de esposa que esperava dela uma conduta condizente à suas promessas de fidelidade e companheirismo.
Temos a personagem diante de sua própria sexualidade, em circunstâncias conflitivas, que implicam na existência de uma lei que deve ser respeitada. Sendo assim, a construção da personagem tem como premissa que uma mulher possuidora de uma educação lírica sentimental, baseada na leitura de folhetins baratos e de linguagem romântica, endossada pela ausência do pai e pelo pulso fraco da mãe, se transforma em nada menos que idealizadora de um príncipe encantado.
Tanto Luísa quanto Capitu só têm a possibilidade de ocupar um espaço dentro da sociedade em que vivem: aquele que lhes é reservado pela expectativa criada por uma ideologia autoritária e patriarcal.
A nenhuma delas é possível sair de seu espaço restrito para se aventurar num mundo mais amplo, mundo este do trabalho e da realização pessoal.
Ao propagarem um discurso alheio, masculino e arbitrário, essas heroínas são, também, criaturas criadas por autores masculinos que falam por elas.
Boa Reflexão.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Os Kaxinawás do Acre, criam game sobre sua história para preservar cultura local

https://www.youtube.com/watch?time_continue=131&v=f5m88A4oRHo

por Revista Prosa, Verso e Arte.
Ao longo dos últimos anos a tecnologia assumiu um papel importante em nossas vidas, influenciando no modo que agimos e pensamos. Recentemente, todo esse aparato tecnológico foi usado como ferramenta para preservação cultural do povo indígena Kaxinawá. A tribo Huni Kuin (ou Kaxinawá) desenvolveu um jogo eletrônico, que pode ser baixadogratuitamente, possibilitando uma experiência de intercâmbio de conhecimentos e memórias indígenas. Isso mesmo, a comunidade indígena localizada no Acre, Brasil, montou uma equipe de programadores, artistas e antropólogos para criar seu próprio videogame. O projeto se chama Huni Kuin: os caminhos da jiboia e trata-se de um jogo de plataforma de cinco fases, onde cada fase conta uma antiga história do povo Huni Kuin. A proposta é propiciar uma imersão no universo Huni Kuin, em que os jogadores possam entrar em contato com saberes indígenas – como os cantos, grafismos, histórias, mitos e rituais deste povo – possibilitando uma circulação destes conhecimentos por uma rede mais ampla.
“Um casal de gêmeos kaxinawá foram concebidos pela jiboia Yube em sonhos e herdaram seus poderes especiais. Um jovem caçador e uma pequena artesã, ao longo do jogo, passarão por uma série de desafios para se tornarem, respectivamente, um curandeiro (mukaya) e uma mestra dos desenhos (kene). Nesta jornada, eles adquirirão habilidades e conhecimentos de seus ancestrais, dos animais, das plantas e dos espíritos; entrarão em comunicação com os seres visíveis e invisíveis da floresta (yuxin), para se tornarem, enfim, seres humanos verdadeiros (Huni Kuin).”

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Vocês já ouviram falar sobre a Maria Lacerda de Moura, uma professora e escritora libertária - anarquista que revolucionou os discursos médicos do inicio do século XX?

Criação e recriações de Maria Lacerda de Moura

             Maria Lacerda de Moura foi uma professora e escritora libertária - anarquista que revolucionou os discursos médicos do inicio do século XX.
Criativa, crítica e combativa escreveu inúmeros artigos e livros que questionavam mitos científicos e discursos médicos sobre o corpo e a sexualidade feminina. Dentre sua produção, duas obras se tornaram referência para a luta em prol da emancipação feminina: “A mulher é uma Degenerada?”, de 1924 e “Amai e não vos multipliqueis” também da década de 20.
Condenava em todos os seus escritos, os costumes, a moral e o status burguês da sociedade brasileira da época e proclamava a igualdade entre mulheres e homens, bem como, a luta pela emancipação feminina e reconhecimento da necessidade de sua independência e autonomia econômica.
Como professora, centralizava seus ensinamentos no despertar da consciência feminina, pois acreditava que a mulher seria capaz de reformar o mundo por ser educadora dos filhos e disciplinadora da família. Em seu Livro “Lições da Pedagogia”, de 1925, problematiza os problemas do analfabetismo nas sociedades, e principalmente o feminino. Afirmava que era esse o motivo ads diferenças entre
Em 1923 rompe com os Anarquistas em decorrência das suas posições favoráveis a obra educacional do Ministro Soviético Lunacharsky, na palestra “Conformado e Rebelde”, do Jornal “A Plebe”. Uma série de artigos do jornal  A Plebe (4/8/23, 4/9/23, 27/9/23 e
10/10/23) relatam a atitude independente da conferencista com e as posições contrárias dos anarquistas com relação as posições de Maria Lacerda. Somente dez anos depois, em 1933, é que voltaria a se aliar com os anarquistas na campanha contra a guerra e na famosa Liga AntiClerical, que foi ponto de resistência e a mais forte expressão anarquista
no Rio de Janeiro até 1930

https://www.streamcraft.com/user/2024310760

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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

São Paulo. Você sabia?


Parabéns São Paulo.
Por Rosana Schwartz

Comemora-se o aniversário de São Paulo, local de múltiplas temporalidades, na qual a noção e sensação de tempo passam por diversas temporalidades, ou seja, a cidade apresenta ritmos diferentes em seus espaços. Essa temporalidade cria a ideia de constante transformação, mudança, onde tudo pode ser inserido no processo de construção de uma cidade que nunca para e que mais cresce. Sua estrutura desvela aspectos da construção simbólica e imaginária de cidade moderna/nova entrelaçada com a dialética do arcaico/velho, ou seja, as permanências das raízes rurais, advindas dos fazendeiros de café e do caipira/camponês misturaram-se com o imaginário social de modernidade trazido pelos imigrantes europeus no século XIX. O homem civilizado e o sentimento de progresso penetram nas entranhas da cidade.  Para entender São Paulo de hoje, como qualquer outro lugar, faz-se necessário percorrer sua construção histórica e o século XIX torna-se ponto chave. Cidade em crescente ascensão, na qual se deu uma industrialização rápida, graças aos capitais liberados pelo café, presença de uma elite esclarecida cosmopolita e progressista que deseja forjar em seu território uma consciência Moderna na busca de uma identidade Nacional. Com o processo de imigração em seus diversos fluxos de entrada na cidade, sua configuração espacial e social foi sendo alterada rapidamente diversas vezes. São Paulo do século XIX e XX reaparece sob o signo da industrialização positiva, sinônimo de progresso, num clima de euforia e de pseudo “confraternização”, local que recebe todas as etnias, indivíduos de todas as culturas.O cosmopolitismo urbano na cidade de São Paulo gera o Mito do urbano da Metrópole, uma metrópole que compete com as outras e busca a constantemente a sua identidade. Essa cidade é a do homem disciplinado, espelho das grandes metrópoles européias e americanas do século XIX, do futuro e da oposição ao mundo velho. A representação do NOVO ocorre através da construção do MITO do heróico, de criação da idéia de uma nova “RAÇA”, onde houve o cruzamento das etnias indígenas, européia portuguesa e dos outros imigrantes, com o africano. A industrialização que vai parecer como uma característica inerente ao paulista é completada pelo mito do BANDEIRANTE, com seu passado glorioso, desbravador, onde as fronteiras do país foram conquistadas por ele. Assim, forjando a idéia de que o Brasil é o que é, por causa desse homem, por causa das entradas e Bandeiras, delimitando as fronteiras. Sempre se modernizando, crescendo, valoriza as práticas e ações dinâmicas como as ações dos jovens. Seus jovens, mulheres e homens marcaram história, unidos aos operários na Greve Geral de 1917, em 1932 na Revolução Constitucionalista contra Getúlio Vargas e em diversos outros momentos. Conservadora e revolucionária, a cidade se constrói e se reconstrói. Apaga e cria memórias. Suas extensões territoriais, seus bairros cresceram acompanhando a especulação imobiliária e a expansão das linhas do trem. Entre locais povoados e vazios urbanos se desenvolveu de forma irregular e sem controle.  Desde o inicio do século XX, Planos e Projetos Urbanísticos audaciosos não conseguiram acompanharam seu ritmo. Antagônica e dialética é composta por uma cidade oculta, invisível, da periferia, abandonada a própria sorte e outra visível rica, com infraestrura dos bairros nobres. Bela e acolhedora convive ao mesmo tempo com suas raízes frias e perversas.
          São Paulo carece de entendimento e é impossível não te amar.
          Viva São Paulo!

   







segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O que é ideologia de gênero.

Por: Roseane Aguirra
A expressão “ideologia de gênero” foi muita citada durante o período eleitoral e também no discurso de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, no dia 1º de janeiro de 2019, quando disse que iria combatê-la em seu governo.
Notícias falsas que circularam no período deixaram muita gente confusa quanto à definição do termo e o perigo que poderia oferecer às crianças.
Mas o que é ideologia de gênero?
Para Rosana Schwartz, historiadora e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, o termo não existe. “Gênero é uma categoria de análise da história. Não existe ideologia de gênero. O que existe é um método que foi criado nos anos 1980 para que você estude a história pela perspectiva da mulher e das categorias minorizadas,” explica Rosana, ao se referir aos grupos que foram pouco considerados na história tradicional, como trabalhadores do campo, homossexuais, mulheres e negros.
“Antes, alguns sujeitos entravam para a história,por que eram considerados heróis, mitos. O que era importante mesmo, não aparecia. Por exemplo, a ação das mulheres na vida cotidiana, nas guerras, nas lutas por direitos civis, sociais e pelas igualdades salariais entre homens e mulheres”, explica.
Gênero, como uma categoria de análise, pode trazer questões sobre o feminino, o masculino e as múltiplas sexualidades. Nós podemos estudar qualquer fato por esses vieses.
Igualdade acima de tudo
Segundo a historiadora, o estudo do gênero busca por igualdade, correções de assimetrias e a tolerância. “Estudar gênero é respeitar o outro como ele é, é ter tolerância, reconhecer a diversidade, as diferenças. É agir no sentido da desconstrução dos preconceitos. Os preconceitos e estereótipos são construídos historicamente. Então, com as discussões e debates se consegue caminhar no sentido de desconstruí-lo.”
A partir dessa perspectiva, segunda ela, é possível discutir a violência, o sexismo, a desqualificação dos indivíduos desde os discursos médicos e higienistas do seculo XIX, as questões étnicos-raciais.
“Não tem ligação direta com questões políticas e ideológicas que os conservadores estão falando no Brasil. É um desconhecimento teórico muito grande das pessoas que realizam essa fala. Os estudos de gênero proporcionam oportunidades para as pessoas minorizadas entrarem para a história, elas acabam aparecendo nos mais diversos estudos acadêmicos, nas mídias.
Então, é lógico que alguns setores da sociedade acabam não gostando,” afirma.
E nas escolas?
Segundo Claudia Vianna, professora da Faculdade de Educação da USP e líder do grupo de Estudos de Gênero, Educação e Cultura Sexual (Edges), tratar a questão de gênero nas escolas parte do mesmo princípio: acolher e respeitar as diferenças, independente do pertencimento racial, étnico ou religioso.
A intenção não é ensinar como ser menino ou ser menina ou acabar com a família como uma instituição, mas abrigar todas as formas de ser menino ou menina ou diferentes modelos de organização familiar
Para a professora, é importante que o currículo escolar trabalhe a diversidade para além de datas comemorativas, como a questão da mulher no mês de março, a questão indígena no mês de abril e a racial em novembro.
“Em coerência com essa lógica de organização, as ciências, os mapas, as narrativas históricas e os textos literários reforçam no restante dos dias letivos, os valores ligados à identidade do homem, branco, heterossexual, cristão, classe-média, tomando-os como referência central e mantendo à margem as identidades da mulher, negra, homossexual, não-cristã, pobre”, explica.
“No ambiente escolar, também não podemos esquecer que o planejamento curricular ensina tanto em razão do que está representado nele, quanto em razão daquilo que está silenciado.”
Para ela, incluir o debate sobre gênero e diversidade sexual nas escolas poderia, então, contribuir para reduzir a violência escolar contra mulheres, e “ampliar o olhar dessas pessoas sobre a exclusão de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, englobando as dimensões de classe, raça, etnia e geração na perspectiva de um projeto democrático de educação de crianças e jovens, homens e mulheres capazes de acolher e construir uma sociedade mais justa”, conclui ela deixando claro a importância da tolerância.