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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

São Paulo

Parabéns São Paulo.
Por Rosana Schwartz

Comemora-se o aniversário de São Paulo, local de múltiplas temporalidades, na qual a noção e sensação de tempo passam por diversas temporalidades, ou seja, a cidade apresenta ritmos diferentes em seus espaços. Essa temporalidade cria a idéia de constante transformação, mudança, onde tudo pode ser inserido no processo de construção de uma cidade que nunca para e que mais cresce. Sua estrutura desvela aspectos da construção simbólica e imaginária de cidade moderna/nova entrelaçada com a dialética do arcaico/velho, ou seja, as permanências das raízes rurais, advindas dos fazendeiros de café e do caipira/camponês misturaram-se com o imaginário social de modernidade trazido pelos imigrantes europeus no século XIX. O homem civilizado e o sentimento de progresso penetram nas entranhas da cidade.  Para entender São Paulo de hoje, como qualquer outro lugar, faz-se necessário percorrer sua construção histórica e o século XIX torna-se ponto chave. Cidade em crescente ascensão, na qual se deu uma industrialização rápida, graças aos capitais liberados pelo café, presença de uma elite esclarecida cosmopolita e progressista que deseja forjar em seu território uma consciência Moderna na busca de uma identidade Nacional. Com o processo de imigração em seus diversos fluxos de entrada na cidade, sua configuração espacial e social foi sendo alterada rapidamente diversas vezes. São Paulo do século XIX e XX reaparece sob o signo da industrialização positiva, sinônimo de progresso, num clima de euforia e de pseudo “confraternização”, local que recebe todas as etnias, indivíduos de todas as culturas.O cosmopolitismo urbano na cidade de São Paulo gera o Mito do urbano da Metrópole, uma metrópole que compete com as outras e busca a constantemente a sua identidade. Essa cidade é a do homem disciplinado, espelho das grandes metrópoles européias e americanas do século XIX, do futuro e da oposição ao mundo velho. A representação do NOVO ocorre através da construção do MITO do heróico, de criação da idéia de uma nova “RAÇA”, onde houve o cruzamento das etnias indígenas, européia portuguesa e dos outros imigrantes, com o africano. A industrialização que vai parecer como uma característica inerente ao paulista é completada pelo mito do BANDEIRANTE, com seu passado glorioso, desbravador, onde as fronteiras do país foram conquistadas por ele. Assim, forjando a idéia de que o Brasil é o que é, por causa desse homem, por causa das entradas e Bandeiras, delimitando as fronteiras. Sempre se modernizando, crescendo, valoriza as práticas e ações dinâmicas como as ações dos jovens. Seus jovens, mulheres e homens marcaram história, unidos aos operários na Greve Geral de 1917, em 1932 na Revolução Constitucionalista contra Getúlio Vargas e em diversos outros momentos. Conservadora e revolucionária, a cidade se constrói e se reconstrói. Apaga e cria memórias. Suas extensões territoriais, seus bairros cresceram acompanhando a especulação imobiliária e a expansão das linhas do trem. Entre locais povoados e vazios urbanos se desenvolveu de forma irregular e sem controle.  Desde o inicio do século XX, Planos e Projetos Urbanísticos audaciosos não conseguiram acompanharam seu ritmo. Antagônica e dialética é composta por uma cidade oculta, invisível, da periferia, abandonada a própria sorte e outra visível rica, com infraestrura dos bairros nobres. Bela e acolhedora convive ao mesmo tempo com suas raízes frias e perversas.
          São Paulo os seus 462 anos carecem de entendimento e é impossível não te amar.
          Viva São Paulo!

   







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