Pesquisadora. Área de atuação -História Cultural - Historiografia da Mídia - Cidade - Movimentos e entidades Sociais. Atuação Doutora em História pela PUC/SP - Professora do Programa de Pós- Graduação - Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura - Universidade Presbiteriana Mackenzie.
domingo, 30 de junho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Entrevista sobre Festas Juninas para o Diário de São Paulo.
1. AS FESTAS JUNINAS SÃO COMEMORADAS DURANTE OS DIAS DOS SANTOS POPULARES (12 A 29 DE JUNHO) QUE CORRESPONDEM A DIVERSOS FERIADOS MUNICIPAIS EM PORTUGAL: SANTO ANTÔNIO, SÃO PEDRO, E SÃO JOÃO. ENTÃO, ESSAS FESTIVIDADES E DATAS FORAM HERDADAS DA NOSSA MATRIZ?
As festas juninas mostram essência multicultural do Brasil. Desvelam em sua origem as permanências culturais advidas de tempos remotos como as festas pagãs que comemoravam a fertilidade da terra e as colheitas. Essas comemorações que aconteciam no mês de Junho. Nesse mesmo mês, na Idade Média passou-se a comemorar com festas, os santos populares em vários países da Europa, fundamentalmente Portugal: as Festa de Santo Antônio, Festa de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo principalmente. Trazida para o Brasil pelos portugueses foi incorporada aos costumes das populações indígenas e depois das diversas nações africanas. Tornaram-se hibridas, com uma multiplicidade de expressões. Essas festas mantém elementos das matrizes indígenas, afro e lusa, ou seja, das diversas composições culturais que compoe as culturas tradicionais orais e culturas européias. Estão presentes elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses.
Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas e da península Ibérica, a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Veio dos países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX.
Soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos.
As decorações com que se enfeitam os arraiais de Portugal e Ásia. Os portugueses trouxeram da Ásia, enfeites de papel, balões de ar quente. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, eles são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite.
Os instrumentos usados são originários de Portugal e das culturas Africanas - cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco, tambores etc.
As roupas fazem referência ao povo campestre de Portugal ressignificado nos campos brasileiros.
No Brasil, a festa recebeu o nome de "junina" (chamada inicialmente de "joanina", de São João), porque acontece no mês de junho.
2. JUNHO É CARACTERIZADO POR DANÇAS, COMIDAS TÍPICAS, BANDEIRINHAS, ALÉM DAS PECULIARIDADES DE CADA REGIÃO. DURANTE OS FESTEJOS ACONTECEM QUADRILHAS, LEILÕES, BINGOS E CASAMENTOS CAIPIRAS. DE ONDE VÊM ESSAS TRADIÇÕES?
A dança de fitas típicas das festas juninas no Brasil mantém geração após geração a cultura de diversas comunidades tradicionais e as raízes da brasileira. São pedagógicas, passam formas de organização, fazeres e saberes. Nas festas de São João brasileira da Região Nordeste - região árida- agradece-se anualmente a São João Batista e a São Pedro, as chuvas caídas nas lavouras. Época propícia para a colheita do milho.
As comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica, a pamonha, o curau, o milho cozido, a pipoca e o bolo de milho o colher e fazer esses alimentos pratos típicos das festas são elementos marcantes da nossa cultura. Assim como, o arroz-doce, a broa de milho, a cocada, o bom-bocado, o quentão, o vinho quente, o pé-de-moleque, a batata-doce, o bolo de amendoim, o bolo de pinhão etc.
O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não, onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu.
Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos. Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos do São João, são parte da tradição popular em geral.
Nessas festas, podemos encontrar imensas semelhanças tanto no Brasil, Portugal, África e Ásia, Macau, Índia, Malásia, na Comunidade Cristang, os portugueses deixaram essa tradição dos santos populares bem marcada.
Atualmente, os festejos ocorridos em cidades do Norte e Nordeste do Brasil dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo,Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Piritiba e Senhor do Bonfim na Bahia, em Mossoró no Rio Grande do Norte; em Arcoverde em Pernambuco; Campina Grande na Paraíba; Juazeiro do Norte no Ceará; e Cametá no Pará. Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Cruz das Almas (Bahia) realizam as maiores festas do Nordeste brasileiro, cada uma delas durando 30 dias. Campina Grande possui o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru esteja consolidada no Guinness Book na categoria festa country (regional) ao ar livre.
Outra região conhecida pelas festividades do mês de junho é o interior de São Paulo, onde ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. A culinária local apresenta pratos característicos da época, como a paçoca, o pé-de-moleque, o bolinho caipira, pastéis, canjica e outros. As quermesses atraem também músicos sertanejos e brincadeiras para os mais novos.
3. O QUE SIGNIFICAM ALGUNS SÍMBOLOS TRADICIONAIS DAS FESTAS JUNINAS, COMO A FOGUEIRA, OS BALÕES, PAU DE SEBO E ATÉ MESMO AS COMIDAS TÍPICAS?
A luz proporcionada pela fogueira simboliza a proteção. É um dos principais símbolos da Festa Junina, pois os eventos ocorrem ao redor dela. É também uma homenagem aos três santos da festa: São João, São Pedro e Santo Antônio. A fogueira também proporciona calor, de grande importância no mês de junho em função das baixas temperaturas.Também é conhecida como o aviso do nascimento de João Baptista para Maria Mãe de Jesus. O pau de sebo é uma brincadeira, pois se ensina muito por meio das brincadeiras. Aprende-se organização, lutar por um objetivo, entre outros.
4. O BRASILEIRO TEM MUITO DESSA CULTURA CAIPIRA, DO SERTANEJO. DE ONDE VEM ESSA CULTURA?
As culturas se comunicam, se interligam e se conectam. Não são isoladas. Do contato entre elas surge outra, ressignificada. São transmitidas de geração me geração. Os indivíduos ao se conectarem com sociedades e culturas diversas, compartilharam e ressignificaram saberes, conhecimentos e o que é peculiar, as tradições das comunidades tradicionais ganham espaço como manifestação artística, educacional e histórica.
5. CULTURA POPULAR É O RESULTADO DE UMA INTERAÇÃO CONTÍNUA ENTRE PESSOAS DE DETERMINADAS REGIÕES E ABRANGE INÚMERAS ÁREAS DE CONHECIMENTO COMO, ARTES, MORAL, LINGUAGEM, TRADIÇÕES, COSTUMES, FOLCLORE, ETC. NO BRASIL, NÓS TEMOS UMA GAMA MUITO GRANDE DE DIFERENTES TIPOS DE CULTURA. COMO VOCE EXPLICA ISSO?
A cultura tradicional conjuntamente com a popular e erudita, forma um mosaico de expressões artísticas, culturais e de comportamentos no brasileiro que desvelam nosso processo civilizatório, como fomos construídos enquanto sociedade e quem somos. As matrizes culturais indígenas, africanas e européias dialogam, permanecem e são visíveis na contemporaneidade. Por meio da trajetória da cultura tradicional os pesquisadores desenterram e problematizam continuidades e transformações no comportamento dos indivíduos. Percebem temporalidades, as durações em história, a cultura viva. Dentro da trajetória dessas comunidades nada é considerado passado, por isso não utiliza-se resgatar, mas sim revelar expressões artísticas, educacionais e históricas não privilegiadas. Resgatar significa trazer de volta algo que estava perdido, submerso, e essas comunidades geração após geração não deixaram suas tradições apagarem. A cultura é viva. Algo que vive é algo que sempre esteve presente. Deve-se realizar levantamentos históricos, pesquisas de campo, rever definições e princípios, perceber as tendências pedagógicas das cantigas de roda, rodas de bênçãos, rodas de contação de histórias, participar de encontros dialógicos, círculos de cultura, oficinas de saberes e fazeres, cortejos, culinária, artes e conhecer os fundamentos da produção partilhada do conhecimento produzida por comunidades caipiras de São Paulo. Promover o encontro entre as tradições orais da cultura e os saberes na Universidade; questionar experiências estéticas (sensíveis) como fundamento para a produção e socialização do saber.
As festas juninas mostram essência multicultural do Brasil. Desvelam em sua origem as permanências culturais advidas de tempos remotos como as festas pagãs que comemoravam a fertilidade da terra e as colheitas. Essas comemorações que aconteciam no mês de Junho. Nesse mesmo mês, na Idade Média passou-se a comemorar com festas, os santos populares em vários países da Europa, fundamentalmente Portugal: as Festa de Santo Antônio, Festa de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo principalmente. Trazida para o Brasil pelos portugueses foi incorporada aos costumes das populações indígenas e depois das diversas nações africanas. Tornaram-se hibridas, com uma multiplicidade de expressões. Essas festas mantém elementos das matrizes indígenas, afro e lusa, ou seja, das diversas composições culturais que compoe as culturas tradicionais orais e culturas européias. Estão presentes elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses.
Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas e da península Ibérica, a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Veio dos países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX.
Soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos.
As decorações com que se enfeitam os arraiais de Portugal e Ásia. Os portugueses trouxeram da Ásia, enfeites de papel, balões de ar quente. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, eles são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite.
Os instrumentos usados são originários de Portugal e das culturas Africanas - cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco, tambores etc.
As roupas fazem referência ao povo campestre de Portugal ressignificado nos campos brasileiros.
No Brasil, a festa recebeu o nome de "junina" (chamada inicialmente de "joanina", de São João), porque acontece no mês de junho.
2. JUNHO É CARACTERIZADO POR DANÇAS, COMIDAS TÍPICAS, BANDEIRINHAS, ALÉM DAS PECULIARIDADES DE CADA REGIÃO. DURANTE OS FESTEJOS ACONTECEM QUADRILHAS, LEILÕES, BINGOS E CASAMENTOS CAIPIRAS. DE ONDE VÊM ESSAS TRADIÇÕES?
A dança de fitas típicas das festas juninas no Brasil mantém geração após geração a cultura de diversas comunidades tradicionais e as raízes da brasileira. São pedagógicas, passam formas de organização, fazeres e saberes. Nas festas de São João brasileira da Região Nordeste - região árida- agradece-se anualmente a São João Batista e a São Pedro, as chuvas caídas nas lavouras. Época propícia para a colheita do milho.
As comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica, a pamonha, o curau, o milho cozido, a pipoca e o bolo de milho o colher e fazer esses alimentos pratos típicos das festas são elementos marcantes da nossa cultura. Assim como, o arroz-doce, a broa de milho, a cocada, o bom-bocado, o quentão, o vinho quente, o pé-de-moleque, a batata-doce, o bolo de amendoim, o bolo de pinhão etc.
O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não, onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu.
Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos. Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos do São João, são parte da tradição popular em geral.
Nessas festas, podemos encontrar imensas semelhanças tanto no Brasil, Portugal, África e Ásia, Macau, Índia, Malásia, na Comunidade Cristang, os portugueses deixaram essa tradição dos santos populares bem marcada.
Atualmente, os festejos ocorridos em cidades do Norte e Nordeste do Brasil dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo,Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Piritiba e Senhor do Bonfim na Bahia, em Mossoró no Rio Grande do Norte; em Arcoverde em Pernambuco; Campina Grande na Paraíba; Juazeiro do Norte no Ceará; e Cametá no Pará. Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Cruz das Almas (Bahia) realizam as maiores festas do Nordeste brasileiro, cada uma delas durando 30 dias. Campina Grande possui o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru esteja consolidada no Guinness Book na categoria festa country (regional) ao ar livre.
Outra região conhecida pelas festividades do mês de junho é o interior de São Paulo, onde ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. A culinária local apresenta pratos característicos da época, como a paçoca, o pé-de-moleque, o bolinho caipira, pastéis, canjica e outros. As quermesses atraem também músicos sertanejos e brincadeiras para os mais novos.
3. O QUE SIGNIFICAM ALGUNS SÍMBOLOS TRADICIONAIS DAS FESTAS JUNINAS, COMO A FOGUEIRA, OS BALÕES, PAU DE SEBO E ATÉ MESMO AS COMIDAS TÍPICAS?
A luz proporcionada pela fogueira simboliza a proteção. É um dos principais símbolos da Festa Junina, pois os eventos ocorrem ao redor dela. É também uma homenagem aos três santos da festa: São João, São Pedro e Santo Antônio. A fogueira também proporciona calor, de grande importância no mês de junho em função das baixas temperaturas.Também é conhecida como o aviso do nascimento de João Baptista para Maria Mãe de Jesus. O pau de sebo é uma brincadeira, pois se ensina muito por meio das brincadeiras. Aprende-se organização, lutar por um objetivo, entre outros.
4. O BRASILEIRO TEM MUITO DESSA CULTURA CAIPIRA, DO SERTANEJO. DE ONDE VEM ESSA CULTURA?
As culturas se comunicam, se interligam e se conectam. Não são isoladas. Do contato entre elas surge outra, ressignificada. São transmitidas de geração me geração. Os indivíduos ao se conectarem com sociedades e culturas diversas, compartilharam e ressignificaram saberes, conhecimentos e o que é peculiar, as tradições das comunidades tradicionais ganham espaço como manifestação artística, educacional e histórica.
5. CULTURA POPULAR É O RESULTADO DE UMA INTERAÇÃO CONTÍNUA ENTRE PESSOAS DE DETERMINADAS REGIÕES E ABRANGE INÚMERAS ÁREAS DE CONHECIMENTO COMO, ARTES, MORAL, LINGUAGEM, TRADIÇÕES, COSTUMES, FOLCLORE, ETC. NO BRASIL, NÓS TEMOS UMA GAMA MUITO GRANDE DE DIFERENTES TIPOS DE CULTURA. COMO VOCE EXPLICA ISSO?
A cultura tradicional conjuntamente com a popular e erudita, forma um mosaico de expressões artísticas, culturais e de comportamentos no brasileiro que desvelam nosso processo civilizatório, como fomos construídos enquanto sociedade e quem somos. As matrizes culturais indígenas, africanas e européias dialogam, permanecem e são visíveis na contemporaneidade. Por meio da trajetória da cultura tradicional os pesquisadores desenterram e problematizam continuidades e transformações no comportamento dos indivíduos. Percebem temporalidades, as durações em história, a cultura viva. Dentro da trajetória dessas comunidades nada é considerado passado, por isso não utiliza-se resgatar, mas sim revelar expressões artísticas, educacionais e históricas não privilegiadas. Resgatar significa trazer de volta algo que estava perdido, submerso, e essas comunidades geração após geração não deixaram suas tradições apagarem. A cultura é viva. Algo que vive é algo que sempre esteve presente. Deve-se realizar levantamentos históricos, pesquisas de campo, rever definições e princípios, perceber as tendências pedagógicas das cantigas de roda, rodas de bênçãos, rodas de contação de histórias, participar de encontros dialógicos, círculos de cultura, oficinas de saberes e fazeres, cortejos, culinária, artes e conhecer os fundamentos da produção partilhada do conhecimento produzida por comunidades caipiras de São Paulo. Promover o encontro entre as tradições orais da cultura e os saberes na Universidade; questionar experiências estéticas (sensíveis) como fundamento para a produção e socialização do saber.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
sábado, 30 de março de 2013
MÍDIA E HISTÓRIA - PROMACK - PROJETO DE PESQUISA - MACKENZIE
HISTÓRIA DA MÍDIA - O Projeto PROMACK desenvolvido por pesquisadores da Universidade Presbiteriana Mackenzie em parceria com o Arquivo do Estado de São Paulo, realiza levantamentos de documentos importantes - jornais, revistas, boletins, fotografias entre outros - sobre italianos e portugueses que vieram para o Brasil e tiveram atuações políticas no período de 1924 a 1945.
O objetivo do projeto é cruzar dados de documentos diversos do DEOPS – antiga polícia política paulista – e de instituições italianas e portuguesas. Pretende problematizar os registros da mídia como documentos históricos.
O projeto de pesquisa existe há seis anos e a cada ano intensifica a internacionalização dos dados e a relação entre história e mídia.
Liderado por professores doutores da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Frederico Alexandre Hecker, Rosana Schwartz, Mirtes Moraes, Ines Minardi, Marcos Nepomuceno e Esmeralda Rizzo, agora, tem como meta tratar os registros da mídia - fontes - jornais, revistas e fotografias como documentos da história. A intenção é juntar e analisar essas documentações nos períodos de 1924 a 1945, momento em que a presença de italianos e portugueses no Brasil, principalmente em São Paulo foi fundamental nas transformações sociais no país. Além dessas transformações, o Estado Brasileiro passa por reorganizações em suas bases políticas.
Desde o início do projeto foi criada uma rede internacional de informações que permite rastrear a atuação política militante de alguns dos imigrantes prontuariados pelo DEOPS paulista.
Entre os arquivos consultados, além do Arquivo do Estado de São Paulo onde estão os documentos do DEOPS, temos o Arquivo da Torre do Tombo, em Lisboa, o Archivio Centrale dello Stato, em Roma, e documentos existentes em Universidades nacionais e estrangeiras (Universidade Nova de Lisboa, Universidade do Porto, Memorial do Imigrante de SP e Arquivo Nacional do Rio de Janeiro).
“As pesquisas realizadas durante os seis anos de existência do Projeto no Archivio Centrale dello Stato di Roma, permitem encontrar documentos completos que não existem no Brasil. Há informações muito importantes sobre ações de fascistas, socialistas, comunistas e anarquistas que interferiram na história brasileira”.
Descobertas
Nas visitas feita ao arquivo romano, por exemplo, foi possível encontrar documentação dos órgãos de segurança do Estado sobre algumas mulheres militantes envolvidas com o socialismo, comunismo e anarquismo na Itália e no Brasil. “Destacar as ações das mulheres imigrantes trabalhadoras nos espaços públicos e privados é uma questão central da pesquisa, pois a história da cidade de São Paulo é marcada pela interferência dessas mulheres, tanto na vida cotidiana como por meio da organização de associações de bairro, clubes de mães e até sindicatos”.
Durante as pesquisas a equipe fotografa vários documentos e localiza algumas bandeiras e cartazes de propaganda de grupos operários organizados e peças de teatro, que foram enviadas da Itália para o Brasil como modelos para a propaganda política. Conseguiu-se reunir importantes evidências documentais e pistas relevantes para a reconstrução da interferência desses imigrantes na história de São Paulo.
Resultados para o futuro
Com a coleta e avaliação de todos os documentos, o projeto fará com que o acervo já disponível torne-se um extenso Banco de Dados com informações da Polícia Política Paulista (DEOPS), ao longo de seus anos de atividade. A esses dados serão acrescentadas todas as informações internacionais em fase de coleta.
Não existe um prazo determinado para a conclusão do projeto, mas sim caminhos e etapas concluídas com o entrelaçamento das informações.
terça-feira, 12 de março de 2013
Tema palestra do Dia Internacional da Mulher no Rotary
Construção
do Gênero Feminino: transformações e permanências.
Profa.
Dra. Rosana Schwartz
Ao
longo dos séculos XIX e XX importantes conquistas foram alcançadas pelas
mulheres. Direitos de participação política, melhoria das condições de vida e
trabalho, acesso à educação e a igualdade de direitos entre os sexos,
entretanto, com relação à imagem da mulher na mídia, pouco avançamos.
O
gênero feminino permanece associado aos modelos de corpo e representado segundo
olhares sexistas.
Assim,
problematizar no Dia Internacional da Mulher, a categoria-chave-corpo/imagem,
desvela superfícies históricas, simbólicas, visuais e de poder dos discursos
médicos, higienistas do século XIX, permanentes nos midiáticos contemporâneos. A categoria corpo, expressa a cultura, a história, às relações de poder em um espaço mental, geracional com o mundo objetivo e subjetivo em que está inserido. As intervenções ativas da produção simbólica imagética mantêm comportamentos e atitudes de um passado longínquo.
O reconhecimento da complexidade das imagens na vida cotidiana propicia possibilidades de entender o corpo como um documento histórico, refletir sobre as continuidades comportamentais, em meio às transformações sociais no mundo e no Brasil
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Entrevista para o portal UOL. Questionar padrões de beleza é essencial para a autoimagem
As mulheres de proporções ideais, sorriso branquinho, cabelo liso e roupa impecável estão em todos os cantos. Estampam capas de revista, vendem produtos na TV e se exibem em catálogos de moda. Por isso, carregam o status de perfeitas e viram exemplo a ser seguido pelas outras mulheres, as que habitam o único lugar onde as "perfeitas" não se encaixam, a tal da vida real.
"As imagens publicitárias exibem um corpo que deve despertar desejo e paixão, portanto, as mulheres refletidas ali estão estrategicamente alinhadas aos padrões estéticos de cada época", explica a historiadora e socióloga Rosana Schwartz, professora da PUC e do Mackenzie, ambos de São Paulo. É assim há muito tempo, mas a aparência vem se tornando cada vez mais prioridade.
A superexposição da imagem, antes restrita a poucos, foi disseminada pelas redes sociais e o resultado é que, com tanta pressão social, a insatisfação com o corpo se generalizou. "Muitas mulheres acreditam que só poderão ser valorizadas pela sua imagem. Vivemos uma dependência da aparência", analisa a filósofa Marcia Tiburi, autora do livro "Olho de Vidro" (Editora Record).
Não sofrem só as mulheres com sobrepeso, mas também as que têm cabelo ondulado, as de seios pequenos, entre tantas que, por um motivo ou outro, fogem um pouco do tido como ideal. "As imagens atuam no inconsciente da mulher e estabelecem um padrão a ser seguido e adorado. Assim, muitas vezes sem perceber, as mulheres começam a comparar o corpo que têm com o que deveriam ter, pensando no que foi estabelecido como padrão", explica Marcelo Quirino, psicólogo clínico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O veneno está na dose
Na esteira desse processo, encontrar uma mulher completamente bem resolvida com o próprio corpo é cada vez mais raro, mas não necessariamente de todo mau. "Muitas vezes, os modelos colocados pela mídia transmitem também um padrão de saúde. É comum que as pessoas passem a se alimentar melhor e busquem alternativas mais saudáveis para se adequar. Nesse caso, a insatisfação pessoal acaba colaborando para melhorar a qualidade de vida", pondera a psicóloga e professora Ana Cristina Nassif Soares.
O problema começa quando o ideal de perfeição vira parâmetro de realização individual, uma meta que precisa ser conquistada a qualquer custo. Nesse cenário começam a surgir os exageros. Regimes de abstinência, inúmeras cirurgias plásticas, vício por atividades físicas e uso de produtos proibidos para alisar o cabelo são só alguns dos sacrifícios comuns a quem quer se encaixar no padrão de estrela de TV e capa de revista.
Quando o bom senso sai de cena, quem paga um preço alto é a saúde. A insatisfação com o próprio corpo também pode se tornar crônica, caracterizando um transtorno psíquico chamado de dismorfofobia. "O problema é fruto de uma preocupação obsessiva com a aparência física. Mesmo que a pessoa invista nas mudanças que julga necessárias, recorrendo a plásticas ou exercícios, ela não consegue se sentir bonita", explica Quirino. Bulimia e anorexia são alguns dos sintomas desse distúrbio que, além de ser de difícil tratamento, pode desencadear depressão e compulsão.
Perfeita pra quem?
Para fugir dessa neura, o primeiro passo é questionar os padrões estabelecidos, para ver se eles realmente estão de acordo com a sua realidade, suas necessidades e seu estilo de vida. "Muitas vezes fazemos sem nem perceber. É essencial perguntar a si mesma se determinado objetivo estético realmente responde a um desejo pessoal ou se é apenas uma forma de seguir tendência ou agradar ao outro", recomenda Ana. Se não for desejo pessoal, a orientação é repensar, pois o resultado pode não ser o esperado.
A realização em diferentes setores da vida também colabora para diminuir a importância dada à estética. "Mulheres realizadas em outras áreas conseguem romper esse padrão mais facilmente", declara Ana. Daí a importância de buscar satisfação na convivência social, nos relacionamentos amorosos, no trabalho, nos estudos e outras áreas da vida. Tudo isso traz segurança. "Quanto mais segura a pessoa, menos vai se importar com esses modelos impostos", garante.
*Com colaboração de Thais Macena
"As imagens publicitárias exibem um corpo que deve despertar desejo e paixão, portanto, as mulheres refletidas ali estão estrategicamente alinhadas aos padrões estéticos de cada época", explica a historiadora e socióloga Rosana Schwartz, professora da PUC e do Mackenzie, ambos de São Paulo. É assim há muito tempo, mas a aparência vem se tornando cada vez mais prioridade.
A superexposição da imagem, antes restrita a poucos, foi disseminada pelas redes sociais e o resultado é que, com tanta pressão social, a insatisfação com o corpo se generalizou. "Muitas mulheres acreditam que só poderão ser valorizadas pela sua imagem. Vivemos uma dependência da aparência", analisa a filósofa Marcia Tiburi, autora do livro "Olho de Vidro" (Editora Record).
Não sofrem só as mulheres com sobrepeso, mas também as que têm cabelo ondulado, as de seios pequenos, entre tantas que, por um motivo ou outro, fogem um pouco do tido como ideal. "As imagens atuam no inconsciente da mulher e estabelecem um padrão a ser seguido e adorado. Assim, muitas vezes sem perceber, as mulheres começam a comparar o corpo que têm com o que deveriam ter, pensando no que foi estabelecido como padrão", explica Marcelo Quirino, psicólogo clínico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O veneno está na dose
Na esteira desse processo, encontrar uma mulher completamente bem resolvida com o próprio corpo é cada vez mais raro, mas não necessariamente de todo mau. "Muitas vezes, os modelos colocados pela mídia transmitem também um padrão de saúde. É comum que as pessoas passem a se alimentar melhor e busquem alternativas mais saudáveis para se adequar. Nesse caso, a insatisfação pessoal acaba colaborando para melhorar a qualidade de vida", pondera a psicóloga e professora Ana Cristina Nassif Soares.
O problema começa quando o ideal de perfeição vira parâmetro de realização individual, uma meta que precisa ser conquistada a qualquer custo. Nesse cenário começam a surgir os exageros. Regimes de abstinência, inúmeras cirurgias plásticas, vício por atividades físicas e uso de produtos proibidos para alisar o cabelo são só alguns dos sacrifícios comuns a quem quer se encaixar no padrão de estrela de TV e capa de revista.
Quando o bom senso sai de cena, quem paga um preço alto é a saúde. A insatisfação com o próprio corpo também pode se tornar crônica, caracterizando um transtorno psíquico chamado de dismorfofobia. "O problema é fruto de uma preocupação obsessiva com a aparência física. Mesmo que a pessoa invista nas mudanças que julga necessárias, recorrendo a plásticas ou exercícios, ela não consegue se sentir bonita", explica Quirino. Bulimia e anorexia são alguns dos sintomas desse distúrbio que, além de ser de difícil tratamento, pode desencadear depressão e compulsão.
Perfeita pra quem?
Para fugir dessa neura, o primeiro passo é questionar os padrões estabelecidos, para ver se eles realmente estão de acordo com a sua realidade, suas necessidades e seu estilo de vida. "Muitas vezes fazemos sem nem perceber. É essencial perguntar a si mesma se determinado objetivo estético realmente responde a um desejo pessoal ou se é apenas uma forma de seguir tendência ou agradar ao outro", recomenda Ana. Se não for desejo pessoal, a orientação é repensar, pois o resultado pode não ser o esperado.
A realização em diferentes setores da vida também colabora para diminuir a importância dada à estética. "Mulheres realizadas em outras áreas conseguem romper esse padrão mais facilmente", declara Ana. Daí a importância de buscar satisfação na convivência social, nos relacionamentos amorosos, no trabalho, nos estudos e outras áreas da vida. Tudo isso traz segurança. "Quanto mais segura a pessoa, menos vai se importar com esses modelos impostos", garante.
*Com colaboração de Thais Macena
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