Pesquisadora. Área de atuação -História Cultural - Historiografia da Mídia - Cidade - Movimentos e entidades Sociais. Atuação Doutora em História pela PUC/SP - Professora do Programa de Pós- Graduação - Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura - Universidade Presbiteriana Mackenzie.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Curiosidades sobre o 07 de setembro.......
Algumas CURIOSIDADES sobre o 07 de setembro:
Foi inventado e começou a ser feriado nacional oficial a partir do Decreto n. 1285 de 30 de novembro de 1853.
O primeiro relato que exaltou o grito do Ipiranga foi feito em 20 de setembro daquele ano, no jornal O Espelho, publicação da Imprensa Nacional que circulava no Rio de Janeiro (1821-1823).
Naquele momento D. Pedro foi aclamado o herói nacional com o intuito de construir a identidade nacional. A data da comemoração do dia da Independência era comemorada de acordo com o momento político vivido e a necessidade dos mitos exaltados para fincar a identidade do Brasil.
Aclamado imperador do Brasil em 12 de outubro do ano da independência, D Pedro começa a ser construído enqunato ícone proclamador da liberdade da nação. A data de nascimento do imperador era também o dia 12 de outubro.
Nesse período ficou estabelecido que era esse o dia para comemorar a Independência.
Quando em 1 de dezembro daquele ano, D. Pedro foi coroado, também esta data passou a ser comemorada como dia da independência. É o dia histórico da restauração da independência de Portugal do domínio da Espanha (1580-1640), muito comemorado pela ex-nação colonizadora, o que trazia um incômodo para os exaltados brasileiros da época, ansiosos de apagar a condição de colônia das suas páginas.
Ao longo do século XIX, com a decadência da popularidade de D. Pedro, também a sua importância no grito do Ipiranga passou a ser amenizada, e, a partir de 1870, consolidou-se a história do Estado nacional, transformando o 7 de setembro no dia da independência do Brasil.
Pessoal, estava inventado o 7 de setembro, o símbolo maior da identidade brasileira.
Outras curiosidades: na longa carta redigida aos paulistas no dia 07 de setembro D. Pedro não faz referência ao grito do Ipiranga.
Para Refletir: D. Pedro era príncipe e virou imperador.
O poder não trocou de mãos, não rompeu com a herança colonial. A chefia do movimento de independência coube ao príncipe herdeiro da monarquia, dando impressão a uma falsa ruptura. Rompeu com a dependência política a um estado europeu - criou-se um novo país- definiu-se uma soberania sem mudar nada.
Portugal exigiu o pagamento de dois milhões de libras esterlinas para reconhecer a independência - D. Pedro recorreu a empréstimos da Inglaterra para pagar.
O fato não provocou rupturas socias o Brasil.
As camadas populares não entenderam o significado da independência.
A estrutura agrária continuou.
A escravidão continuou..........
A elite agrária deu suporte a D. Pedro.
Que interessante, não é?
Sobre o Museu Paulista vale ressaltar que foi inaugurado em 1895 inacabado e levou mais de 50 anos para ser construído.
Foi construído para ser um monumento para forjar uma história, uma identidade.
Sobre o quadro do pintor Pedro Américo temos: um chapéu nas mãos no lugar de uma espada- mulas no lugar de cavalos- e as roupas eram outras....os uniformes militares são na realidade roupas muito pesadas para viajar.
E o lugar não sugere o Ipiranga.
A Estátua essa tem biga romana-esfinges aladas e um índio colocado para dar impressão que foi feita para o Brasil. Foi trazida e colocada lá sem representar nada .....
Sobre a Bandeira lembro que o verde não significa as matas, mas sim a cor da Casa de Bragança e o amarelo não é o ouro, significa a Casa dos Habsburgo de D. Leopoldina.
Em 1855 - foi fundada a Sociedade Ipiranga com a finalidade de restaurar as comemorações da Independência. A imagem de D. Pedro estava desgastada e não se falava mais da Independência.
Com aconsolidação da República D. Pedro deveria ser visto como herói.
No centenário, a imagem de D. Pedro volta a ser resgatada como heróica .
O corpo do imperador foi transladado de Lisboa para o Museu reabilitando o 07 de setembro.
Foi inventado e começou a ser feriado nacional oficial a partir do Decreto n. 1285 de 30 de novembro de 1853.
O primeiro relato que exaltou o grito do Ipiranga foi feito em 20 de setembro daquele ano, no jornal O Espelho, publicação da Imprensa Nacional que circulava no Rio de Janeiro (1821-1823).
Naquele momento D. Pedro foi aclamado o herói nacional com o intuito de construir a identidade nacional. A data da comemoração do dia da Independência era comemorada de acordo com o momento político vivido e a necessidade dos mitos exaltados para fincar a identidade do Brasil.
Aclamado imperador do Brasil em 12 de outubro do ano da independência, D Pedro começa a ser construído enqunato ícone proclamador da liberdade da nação. A data de nascimento do imperador era também o dia 12 de outubro.
Nesse período ficou estabelecido que era esse o dia para comemorar a Independência.
Quando em 1 de dezembro daquele ano, D. Pedro foi coroado, também esta data passou a ser comemorada como dia da independência. É o dia histórico da restauração da independência de Portugal do domínio da Espanha (1580-1640), muito comemorado pela ex-nação colonizadora, o que trazia um incômodo para os exaltados brasileiros da época, ansiosos de apagar a condição de colônia das suas páginas.
Ao longo do século XIX, com a decadência da popularidade de D. Pedro, também a sua importância no grito do Ipiranga passou a ser amenizada, e, a partir de 1870, consolidou-se a história do Estado nacional, transformando o 7 de setembro no dia da independência do Brasil.
Pessoal, estava inventado o 7 de setembro, o símbolo maior da identidade brasileira.
Outras curiosidades: na longa carta redigida aos paulistas no dia 07 de setembro D. Pedro não faz referência ao grito do Ipiranga.
Para Refletir: D. Pedro era príncipe e virou imperador.
O poder não trocou de mãos, não rompeu com a herança colonial. A chefia do movimento de independência coube ao príncipe herdeiro da monarquia, dando impressão a uma falsa ruptura. Rompeu com a dependência política a um estado europeu - criou-se um novo país- definiu-se uma soberania sem mudar nada.
Portugal exigiu o pagamento de dois milhões de libras esterlinas para reconhecer a independência - D. Pedro recorreu a empréstimos da Inglaterra para pagar.
O fato não provocou rupturas socias o Brasil.
As camadas populares não entenderam o significado da independência.
A estrutura agrária continuou.
A escravidão continuou..........
A elite agrária deu suporte a D. Pedro.
Que interessante, não é?
Sobre o Museu Paulista vale ressaltar que foi inaugurado em 1895 inacabado e levou mais de 50 anos para ser construído.
Foi construído para ser um monumento para forjar uma história, uma identidade.
Sobre o quadro do pintor Pedro Américo temos: um chapéu nas mãos no lugar de uma espada- mulas no lugar de cavalos- e as roupas eram outras....os uniformes militares são na realidade roupas muito pesadas para viajar.
E o lugar não sugere o Ipiranga.
A Estátua essa tem biga romana-esfinges aladas e um índio colocado para dar impressão que foi feita para o Brasil. Foi trazida e colocada lá sem representar nada .....
Sobre a Bandeira lembro que o verde não significa as matas, mas sim a cor da Casa de Bragança e o amarelo não é o ouro, significa a Casa dos Habsburgo de D. Leopoldina.
Em 1855 - foi fundada a Sociedade Ipiranga com a finalidade de restaurar as comemorações da Independência. A imagem de D. Pedro estava desgastada e não se falava mais da Independência.
Com aconsolidação da República D. Pedro deveria ser visto como herói.
No centenário, a imagem de D. Pedro volta a ser resgatada como heróica .
O corpo do imperador foi transladado de Lisboa para o Museu reabilitando o 07 de setembro.
terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Encontro- Pedagogia 2013 Havana- Cuba
Convocatoria Pedagogía 2013
|
Estimado(a)
colega:
El Ministerio de Educación de la República de Cuba, con el auspicio de organizaciones regionales e internacionales vinculadas con la educación, se complace en anunciar la celebración de la próxima edición del congreso Pedagogía, que tendrá lugar en el Palacio de Convenciones de La Habana, del 4 al 8 de febrero de 2013. Esta nueva cita convoca como siempre a la unidad de los educadores, y es elemento sustancial para continuar promoviendo la integración entre nuestros países, intercambiar experiencias, aunar fuerzas y esfuerzos en aras de hacer realidad las metas acordadas en las conferencias regionales, como ejemplo de cooperación solidaria en nuestra lucha por un mundo mejor. La complejidad del mundo actual, con sus agudas contradicciones económicas y sociales, el desarrollo acelerado científico y tecnológico, la batalla por erradicar el analfabetismo, como paso inicial para lograr el acceso universal a una educación de calidad y sin exclusiones, constituyen premisas indispensables a tener en cuenta en la búsqueda de vías que propicien el desarrollo sustentable en nuestros países. En ese empeño, la educación debe tener un papel principal, lo que exige proponer estrategias y enfoques realmente integradores y humanistas, como útiles instrumentos para comprender mejor el mundo de hoy, ante los desafíos que enfrentan los pueblos en el presente siglo. Bajo estas premisas, convocamos a maestros, profesores, educadores, investigadores y dirigentes de la región, a participar en el congreso Pedagogía 2013. Su objetivo se cumplirá en tanto se logre un amplio intercambio de experiencias que propicie el logro de una educación de calidad para todos durante toda la vida, mediante la cooperación solidaria en la formación ciudadana, el respeto a la diversidad cultural y la identidad nacional y en la formación de generaciones portadoras de valores humanos universalmente aceptados. Esperamos contar con su presencia.
Cordialmente,
Dra. Ena Elsa Velázquez Cobiella Ministra de Educación Presidenta del Comité Organizador
ORGANIZAN
Ministerio de Educación de la República de Cuba
Palacio de
Convenciones de La Habana, Cuba
AUSPICIAN
Organización
de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO)
Organización de las Naciones Unidas para la Infancia (UNICEF) Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI) Asociación de Educadores de América Latina y el Caribe (AELAC) Asociación de la Televisión Iberoamericana (ATEI) Oficina Regional de Cultura para América Latina y el Caribe (ORCALC/Habana) Consejo de Educación de Adultos de América Latina (CEAAL) Confederación de Educadores de América (CEA)
COMITÉ ORGANIZADOR
Presidentes de honor
M.Sc.
Miguel Díaz-Canel Bermúdez
Vicepresidente
del Consejo de Ministros
José Ramón Fernández Álvarez Asesor del Presidente de los Consejos de Estado y de Ministros
Presidente
Dra. Ena Elsa Velázquez Cobiella Ministra de Educación
Vicepresidente
de Honor
Sr. Julio César Arévalo Reyes Presidente de la AELAC
Vicepresidente
primero
Dr. Rodolfo Alarcón Ortiz Ministro de Educación Superior
TEMAS CENTRALES
•
Formación en valores y educación ciudadana
• La escuela, el maestro y su desempeño profesional • Formación inicial y permanente de educadores • Educación científica ante los retos actuales • Educación ambiental y desarrollo sostenible • Atención integral a la infancia • Dirección del proceso de enseñanza–aprendizaje • Formación laboral en función de las demandas sociales • Aportes de las ciencias de la educación al desarrollo de la práctica educativa • Integración escuela–familia–comunidad • Alfabetización y educación de jóvenes y adultos • Pensamiento de José Martí y del Comandante en Jefe Fidel Castro en la obra educacional cubana • Pensamiento educativo latinoamericano Cada uno de los temas centrales está integrado por diversas líneas temáticas que se debatirán en simposios y foros y se tratarán en cursos desarrollados por docentes e investigadores de alto nivel profesional y experiencia. Los simposios se organizarán en conferencias, mesas redondas, paneles, presentaciones orales y en carteles, como formas de integración del contenido de los temas centrales y para propiciar el debate científico. Las formas fundamentales de presentación de los trabajos serán en sesiones de debate y presentación de carteles. En ellas los delegados, mediante su intervención y participación, podrán desempeñar diferentes roles en la discusión.El programa científico incluye visitas especializadas a centros educacionales e instituciones científicas y culturales de la ciudad de La Habana. Próximamente, en el sitio www.pedagogia.cuba.com se brindarán más detalles del programa científico y otras informaciones acerca de la organización del congreso, las normas y requisitos de presentación, la recepción y aceptación de resúmenes y trabajos.
CUOTA DE INSCRIPCIÓN
Hasta el
30 de noviembre de 2012 será:
Participante 150.00 CUC Acompañante 60.00 CUC A partir del 1ro. de diciembre de 2012 será: Participante 200.00 CUC Acompañante 60.00 CUC
La cuota
de inscripción incluye:
Participante: credencial, participación en la ceremonia inaugural, que contempla una gala cultural, acto de clausura, visita a un centro educacional, certificado de asistencia, módulo de materiales del congreso y certificado de autor,siempre que el trabajo sea presentado en el evento. Acompañante: credencial, participación en la ceremonia inaugural que contempla una gala cultural, acto de clausura, visita a un centro educacional y souvenir. No se otorga certificación.
FORMAS DE PAGO
El pago de la cuota de inscripción podrá realizarse on-line a través del sitio web:
www.pedagogia.cuba.com
El sitio
contará con las informaciones actualizadas referentes al congreso.
Si el pago de la cuota de inscripción se realiza en Cuba, en el momento de la acreditación, será en Pesos Cubanos Convertibles (CUC), moneda de circulación oficial del país. El CUC puede adquirirse desde el arribo al país en el aeropuerto, hoteles, bancos y casas de cambio (CADECAS) a partir de euro, dólar americano, canadiense y australiano; libra esterlina, franco suizo, peso mexicano, corona sueca, danesa y noruega, yen japonés y balboa, de acuerdo con la tasa de cambio vigente en el momento del pago. En Cuba se aceptan las tarjetas de crédito VISA, MASTERCARD, CABAL, siempre que la casa matriz no sea estadounidense.
INVITACIONES
Los
participantes que requieran carta de invitación para participar en el
congreso, con el fin de realizar los trámites de viaje correspondientes,
podrán solicitarla al Comité Organizador, a través del sitio
www.pedagogiacuba.com
EXPOSICIÓN ASOCIADA Paralelamente al evento, se desarrollará una exposición en el lobby principal del Palacio de Convenciones, en la cual las empresas especializadas, tanto nacionales como extranjeras, dispondrán de una ocasión excepcional para exponer y comercializar sus productos, servicios y materiales afines con la temática del evento.
Los
interesados deben contactar a:
Raúl González Castro
Organizador Profesional de Exposiciones Palacio de Convenciones de La Habana Correo electrónico: raulg@palco.cu Esta dirección electrónica esta protegida contra spam bots. Necesita activar JavaScript para visualizarla
CONTACTOS COMITÉ ORGANIZADOR PEDAGOGÍA 2013:
M.Sc. Margarita Quintero López
Secretaria
ejecutiva
Ministerio de Educación 17 y O, Vedado, CP 10400, La Habana, Cuba Correo electrónico: pedagogia@mined.rimed.cu
Esta dirección electrónica esta protegida contra
spam bots. Necesita activar JavaScript para visualizarla
Esp. Zósima López Ruiz
Organizadora Profesional de Congresos Palacio de Convenciones de La Habana Calle 146, No. 1104 entre 11 y 17-D Reparto Cubanacán, municipio Playa Apartado postal 16046, La Habana, Cuba Teléfonos: (537) 208 5199/202 6011 al 19 ext. 1510 Correo electrónico: zosima@palco.cu Esta dirección electrónica esta protegida contra spam bots. Necesita activar JavaScript para visualizarla www.gpalco.com |
quarta-feira, 13 de junho de 2012
domingo, 10 de junho de 2012
Rio + 20
Uma reflexão sobre a ausência de uma nova narrativa na Rio+20
O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um “futuro que queremos” lema do grande encontro. A narrativa atual é a da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado.
Leonardo Boff
O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um “futuro que queremos” lema do grande encontro. Assim como está, nega qualquer futuro promissor.
Para seus formuladores, o futuro depende da economia, pouco importa o adjetivo que se lhe agregue: sustentável ou verde. Especialmente a economia verde opera o grande assalto ao último reduto da natureza: transformar em mercadoria e colocar preço àquilo que é comum, natural, vital e insubstituível para a vida como a água, solos, fertilidade, florestas, genes etc. O que pertence à vida é sagrado e não pode ir para o mercado dos negócios. Mas está indo, sob o imperativo categórico: apropia-te de tudo, faça comércio com tudo , especialmente com a natureza e com seus bens e serviços.
Eis aqui o supremo egocentrismo e a arrogância dos seres humanos, chamado também de antropocentrismo. Estes veem a Terra como um armazém de recursos só para eles, sem se dar conta de que não somos os únicos a habitar a Terra nem somos seus proprietários; não nos sentimos parte da natureza, mas fora e acima dela como seus “mestres e donos”. Esquecemos, entretanto, que existe toda a comunidade de vida visível (5% da biosfera) e os quintilhões de quintilhões de microrganismos invisíveis (95%) que garantem a vitalidade e fecundidade da Terra. Todos estes pertencem ao condomínio Terra e têm direito de viver e conviver conosco. Sem as relações de interdependência com eles, sequer poderíamos existir. O documento desconsidera tudo isso. Podemos então dizer: Com ele não há salvação. Ele abre o caminho para o abismo. Enquanto tivermos tempo, urge evitá-lo.
Tal vazio se deriva da velha narrativa ou cosmologia. Por narrativa ou cosmologia entendemos a visão do mundo que subjaz às idéias, às práticas, aos hábitos e aos sonhos de uma sociedade. Por ela se procura explicar a origem, a evolução e o propósito do universo, da história e o lugar do ser humano.
A nossa atual é a narrativa ou a cosmologia da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado. Caracteriza-se por ser mecanicista, determinística, atomística e reducionista. Por força desta narrativa 20% da população mundial controla e consome 80% de todos os recursos naturais; metade das grandes florestas foram destruídas, 65% das terras agricultáveis, perdidas, cerca de 27 a cem mil espécies de seres vivos desaparecem por ano (Wilson) e mais de mil agentes químicos sintéticos, a maioria tóxicos, são lançados na natureza. Construímos armas de destruição em massa, capazes de eliminar toda vida humana. O efeito final é o desequilíbrio do sistema-Terra que se expressa pelo aquecimento global. Com os gases já acumulados, até 2035 fatalmente se chegará a 3-4 graus Celsius, o que tornará a vida, assim como a conhecemos praticamente impossível.
A atual crise econômico-financeira que mergulha nações inteiras na miséria nos fazem perder a percepção do risco e conspiram contra qualquer mudança necessária de rumo.
Em contraposição, surge a narrativa ou a cosmologia do cuidado e da responsabilidade universal, potencialmente salvadora. Ela ganhou sua melhor expressão na Carta da Terra. Situa nossa realidade dentro da cosmogênese, aquele imenso processo de evolução que se iniciou há 13,7 bilhões de anos. O universo está continuamente se expandindo, se auto-organizando e se autocriando. Nele tudo é relação em redes e nada existe fora desta relação. Por isso todos os seres são interdependentes e colaboram entre si para garantirem o equilíbrio de todos os fatores. Missão humana reside em cuidar e manter essa harmonia sinfônica. Precisamos produzir, não para a acumulação e enriquecimento privado mas para o suficiente e decente para todos, respeitando os limites e ciclos da natureza.
Por detrás de todos os seres atua a Energia de fundo que deu origem e sustenta o universo permitindo emergências novas. A mais espetacular delas é a Terra viva e os humanos como a porção consciente dela, com a missão de cuidá-la e de responsabilizar-se por ela.
Esta nova narrativa garante “o futuro que queremos”. Do contrário seremos empurrados fatalmente ao caos coletivo com consequências funestas. Ela se revela inspiradora. Ao invés de fazer negócios com a natureza, nos colocamos no seio dela em profunda sintonia e sinergia, respeitando seus limites e buscando o "bem viver" que é a harmonia entre todos e com a mãe Terra. Característica desta nova cosmologia é o cuidado no lugar da dominação, o reconhecimento do valor intrínseco de cada ser e não sua mera utilização humana, o respeito por toda a vida e dos direitos da natureza e não sua exploração e a articulação da justiça ecológica com a social.
Esta narrativa está mais de acordo com as reais necessidades humanas e com a lógica do próprio universo. Se o documento Rio+20 a adotasse, como pano de fundo, criar-se-ia a oportunidade de uma civilização planetária na qual o cuidado, a cooperação, o amor, o respeito, a alegria e espiritualidade ganhariam centralidade. Tal opção apontaria, não para o abismo, mas para o “o futuro que queremos”: uma biocivilização da boa esperança.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.
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